sábado, 26 de janeiro de 2008

Dia das mentiras?

Há anos toda a gente vivia ansiosa por chegar ao dia 1 de Abril e poder pregar uma boa partida aos conhecidos. No dia das mentiras (quase) tudo era permitido. Até a Comunicação Social competia para ver quem inventava a mais verosímil das mentiras. Era um dia em que se fugia ao bom costume de ter palavra, de ser sincero, de falar verdade, criando uma mentira inocente e inconsequente que descontraísse e divertisse.

Entretanto no país floresceu e multiplicou-se um género, que perpassa todas as classes: o mentiroso compulsivo, que pode ser amador ou profissional (no sentido literal do termo).
É vê-los mentir à descarada, todos bem falantes com um sorriso aberto e um olhar directo, estejam com apenas um interlocutor, num pequeno grupo de pessoas ou a falar frente às câmaras de televisão.
Uns mentem porque as circunstâncias se alteraram (dizem), outros porque foram apanhados por acontecimentos que impossibilitam o honrar de compromissos. Os mais vaidosos e descarados até já nem usam o termo mentira, substituído por uma pomposa palavra, a "inverdade".
Até penitencio-me e incluo-me no rol dos mentirosos; aquilo que aqui digo hoje, juro a pés juntos, amanhã pode bem não ser verdade!

Hoje em dia há quem diga que a verdade é relativa, prescreve, passa de moda e que apresente sempre um cenário alternativo bem pior do que a dita; tudo isto para tentar convencer (-se) de que por vezes não há alternativa ao incumprimento da palavra.
Por passarmos um ano inteiro a ouvir mentiras, o dia 1 de Abril perdeu sentido.
Talvez devesse instituir-se o dia da verdade que obrigasse toda a gente a falar verdade e a não prometer o que sabe não ir cumprir. Numa fase inicial eu sugeriria o dia 29 de Fevereiro. É que os maus hábitos levam tempo a alterar-se!

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