segunda-feira, 16 de junho de 2008

Paladar

O teu olhar fugidio não se fixa no meu, apenas navega, viaja por ele ou então pára, permanece por breves instantes, somente quando dos teus lábios saem palavras que não te comprometem a alma e que em silêncio gostaria de um dia provar.

Semicerro os olhos e ouço com mais intensidade e eco, as palavras que o teu característico tom de voz reproduz. Falas de tudo e de nada, porque nesse todo não cabe o que gostaria que um dia tivesses a coragem de dizer-me.

O que nos aproxima também nos afasta, num constrangimento que permite a convivência, mas não o envolvimento. Continuaremos assim, separados pelo que nos une, mas inconfessadamente certos de que jamais ultrapassaremos os milímetros que da minha, a tua boca se distancia.

Um comentário:

Anônimo disse...

O olhar é profundo e alcança mais longe do que aquilo que se possa imaginar...vagueia por espaços nunca vistos e ansiosos por se ter...
As palavras vagueiam nas ondas sonoras que teimam em silenciar, ouvidas e sentidas com uma nitidez atroz..
O sentir é tão profundo que se perde na imensidão do espaço e se reencontra no fundo de cada ser...