segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fascinante mundo dos títulos

Entrar numa livraria é sempre um exercício mental de alto nível e um desafio à nossa capacidade de compreensão do mundo que nos rodeia.
Há títulos para todos os gostos e que se enquadram em diversos tipos.

"Fotografia Digital para Totós" pode esclarecer muitas dúvidas quanto à arte de bem captar e manipular imagens, mas será que essa requalificação justifica que o empregado, sorrindo condescendente, olhe para mim como um verdadeiro "totó" da fotografia e não só?

O que se procura nas páginas de um vistoso volume cujo título é "No país das vacas sem olhos"?

Folheei com curiosidade "A Educação de um vigarista" à procura do que poderia suportar este título, já que tendo esta "profissão" estranho que se possa reivindicar "Educação".

Há títulos despretensiosos como "Possessão" ou mesmo "Neve", que só a independência e reconhecimento de um prémio Nobel pode criar, por nada ter que provar a ninguém, ainda que expectativas se criem perante a atribuição de tão cobiçada homenagem.

As patentes e os laços de parentesco são um filão: depois d' "A filha do Capitão", eis que surge agora "A filha do General", que para quem prefere postos militares mais elevados, terá certamente mais interesse . De qualquer forma se a moda pega, poderemos ter em breve "A Filha do Furriel", "A filha do Almirante"...

Estranhei "O Fabuloso Declínio do do Império Masculino", escrito por um homem; título de duplo sentido e uma autêntica armadilha para os incautos machistas ou convictos modernistas. Encomenda do lobbye feminista ou um auto de confissão?

"Sete Homens em Guerra" criará algum interesse quando milhões a praticam diariamente?

"O Tempo dos Imperadores Estranhos"? Haverá algum líder imperial que não o seja? quem n0 seu perfeito juízo quererá desenvolver o domínio total como forma de realização pessoal?

"Livro das mães" poderia ser um "best-seller", não fosse a continuidade do título: "Como Ser a Melhor do Mundo"; escolha triste porque a que já não o for para os seus infelizes filhos, não será nesta leitura que encontrará maneira de o ser.

Espantou-me "A Cozinha Para Quem Não Tem Tempo"; numa perspectiva empírica, este livro perde credibilidade se pensarmos que a autora diz não ter tempo para cozinhar, mas tem todo o tempo para escrever a dar conselhos sobre o que aparentemente não faz; será que está bem colocada para o título de melhor mãe do mundo?

Que interesse poderá ter "Cecília a Mulher que Deixou Sarkozy", quando estamos mais interessados na que se juntou a ele? Agora que o Sr. tem uma nova e mediática companheira, dirão alguns, que dos fracos e perdedores continua a não rezar a história, ainda que outros defendam que foi Cecília que venceu.

"Tudo por Amor". E é possível fazer só algumas coisas? Não há maior redundância, pois só é amor se se fizer tudo por ele!

"Casas Ibéricas" é uma agradável surpresa; evoca uma delimitação geográfica, mas mostra-nos habitações de outro mundo, daquelas que nem em sonho se alcança e que só brotam de uma mente brilhante num dia de grande inspiração.

Para terminar, a revelação do momento, que chegou ao topo de vendas nos EUA e esgotou em pouco tempo a primeira edição portuguesa: "You, a sua Dieta Mágica" dos médicos da famosa Oprah. Não comento o que se passa nos "States", mas é de estranhar que se diga por aí que existe mais de milhão e meio de esclarecidos portugueses com televisão por cabo onde a gorda senhora aparece diariamente e os mentores da sua dieta continuem na crista da onda da credibilidade.

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