terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Saramago

Saramago em apoteose! Saudado pela multidão que durante horas o aguardou, procede à inauguração da exposição sobre a sua vida e obra, patente em Lanzarote, a pequena ilha que este grande espírito escolheu para viver. O acontecimento é muito maior do que o pedaço de terra que o contém, mas quase tão grande quanto o espírito do homenageado.

Figuras de estado do governo português e espanhol disputavam respeitosamente o protagonismo na homenagem ao escritor.

Não é todos os dias que estão presentes dois ministros da cultura, um embaixador, vários secretários de estado, um representante do presidente da república portuguesa e outro do rei de Espanha entre demais convidados!

Os discursos tão inflamados quanto merecidos sucedem-se e Portugal lava assim a ofensa que há anos perpetrou sobre um dos seus mais conhecidos filhos.

Saramago, 85 anos de vida, sorri e agradece. Não é homem de exuberantes manifestações, mas é com dificuldade que disfarça a sua emoção.

A mulher, a filha e os dois netos ladeiam-no e percebe-se a coesão familiar, a paz que reina entre todos. Habituado a grandes confrontos e incompreensões é nos seus que encontra refúgio e conforto.

Sentado numa cadeira de rodas, é com dignidade que expõe a sua fragilidade e vulnerabilidade, porque nas palavras de sua mulher, Pilar, a doença é um facto da vida e por isso não há que escondê-la! Esse desnível é aparente. Percebe-se que ainda que sentado é mais alto do que todos os presentes!

Fisicamente enfraquecido, mas saudável e de uma lucidez inigualável dirige umas breves e palavras de reconhecimento pela homenagem de uma vida dedicada à escrita.

Numa das paredes, obras suas traduzidas e lidas por milhões de pessoas em mais de 40 países. Claro que já alguém disse que sucesso editorial não é sinónimo de sucesso literário, mas neste caso a abundância de títulos é directamente proporcional à qualidade dos mesmos.

Falar sobre a condição humana não é tarefa fácil e quanto a isso, Saramago é um mestre. O seu próximo livro será editado até final do próximo ano e já tem título.

Acordo repentinamente. Afinal tudo não passou de um sonho! Bem, quase tudo! Saramago foi realmente homenageado em Lanzarote, mas Portugal quase que não apareceu. Para além do acontecimento, foi o que mais se notou! Talvez tenha sido estratégia, não se falaria tanto no assunto se o país se tivesse feito representar condignamente.

Já vi o "Planeta Ronaldo", esse "best seller" do audiovisual; não percebo por que ainda não se fez um documentário do género sobre o escritor. Até poderia ter um título parecido, "Planeta Saramago". O país não pararia em frente à televisão, mas formalmente seria uma forma de reconhecimento. É que Saramago não fica tão bem em fato de banho como "o puto" e não creio que se prestasse a imagens de tão escassa indumentária, já que reserva a nudez física para a intimidade e despe a alma no preto no branco das suas obras literárias. Também já vi deputados e primeiros-ministros em finais de competições desportivas, mas numa homenagem como esta, apareceu o Embaixador de Portugal em Espanha e mais ninguém...

Não sei se faço parte de uma minoria, mas ainda que os parafusos que seguram as prateleiras de uma estante sejam apenas um pormenor, sem os mesmos não haveria estrutura, solidez, definição. Saramago é apenas um parafuso, que deveria ser reconhecido como definidor de parte da alma do país que o viu nascer.
Triste e pobre do país que desdenha das sentidas, contundentes, oportunas, fundamentadas e sinceras críticas dos seus filhos. Só se preocupa quem ama.

Bem conhecido de uns, anónimo para outros, não é a sua popularidade que está em causa.
Não esquecerei nunca aquela Sra., misturada na multidão de uma cidade alentejana que recebia o escritor e que ao ser entrevistada disse que não sabia bem quem iria aparecer por ali; tinha ouvido dizer que era uma tal de Sara Mago, mas não sabia quem era, nunca tinha ouvido falar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oiiiiiiiii eu sou a Luna do COMOSEFOSSEAPRIMEIRAVEZ do sapo... rs... vc me visitou e me deixou uma pegadinha que te respondo com outra... kkkk!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

Valeu afronauta! kkkkkk!

Amo pessoas de bom humor... tudo bem ent�o, se seu barco fosse naufragar e por uma fra�ao de segundos antes de vc ser salvo por um milagre...kkkkk o que vc pensaria de levar para a tal ilha deserta????

bjs

Luna

Anônimo disse...

O saramago é que não levava para a ilha :-)
Nisto do Saramago acho estranho que ele ainda fique chateado com as atitudes do governo português!!!
É assim aos anos, tudo o que é português não é reconhecido em vida, porque é que o saramago iria ser diferente.
Ele que se ponha melhor, escreva mais livros e deixe essas coisas do reconhecimento do governo para mais tarde. Os leitores do povo já o reconheceram como sendo um grande autor, só isso já deveria chegar :-)
Digo eu!!!
Levava para a ilha a minha namorada :-) Porque é a minha namorada e porque é uma pessoa com quem poderia passar horas a conversar sem me fartar rapidamente.

Anônimo disse...

Muito bom márcio...rsrsrs... levar a namorada certamente é uma excelente escolha...kkkkkkk! bjs